quinta-feira, 12 de março de 2009

Eu – ou a desinspiração total

O

Hoje é um daqueles dias de merda em que a inspiração não vem. Está de folga. Farto-me de pensar, de olhar para o céu, de coçar a cabeça, e… nada! Nem um poema, nem uma quadra, um texto ou uma pequena história, nem uma anedota ou adivinha, nada! Que grande porra! Passo horas a olhar para o teclado do computador, como um burro olha para um palácio! Bom, um palácio é muito mais bonito que este estúpido teclado… por outro lado eu também sou um bocadinho melhor que um asno. Acho eu! Se eu vivesse disto estava bem lixado, sim senhor, hoje não comia!
Ontem à noite estive a ver no canal 1 um programa com o Júlio Machado Vaz, gosto muito de o ouvir, o tipo fala de sexo como eu falo de futebol. Diz é menos asneiras que eu! Mas a que propósito é que vem esta merda?
Há-de sair, há-de sair, já dizia o Bocage. Manuel Maria Barbosa du Bocage. Este sim, não perdia tempo a pensar em frente ao teclado do computador. Por dois motivos. Primeiro porque no tempo dele não havia computadores; Segundo, porque o homem era um génio! Conhecem aquela anedota que se conta acerca do Bocage, quando ele estava em cima de uma árvore, a cagar cá para baixo, e acertou no boné de um polícia? O polícia perguntou-lhe, indignado, “Sabe o que é que você precisava agora?” responde o Bocage “Sei sim, Sr. guarda, de papel para limpar o cu!”
Pois é, eu é que ainda vou limpar o cu a esta merda que estou para aqui a escrever. Sim, porque não conheço ninguém com paciência suficiente para ler esta droga! E com isto tudo já consegui escrever a palavra “merda” três vezes, com esta quatro!Ninguém me telefona, ninguém me manda uma mensagem… estou mesmo na… opss, lá ia sair asneira outra vez, ainda vou ter que colocar um círculo vermelho no canto superior direito da folha. (É nesta altura que me lembro de lá colocar a “bolinha”, que é mesmo vermelha, acreditem!)
Agora já posso escrever asneiras.
Vi também, ontem, na TVI, uma peça teatral portuguesa interpretada por quatro actrizes muito jovens, quase adolescentes, e o palavreado era tal que nem eu próprio era capaz de escrever aquela merda (já cá faltava a merda!). A peça era constituída de vários “sketches” e num deles uma das miúdas telefonava a uma amiga e dizia-lhe “… vou p´rá cama com um gajo que conheci agora e quero que digas ao meu pai para ele se ir foder…” e a amiga repetia para as outras duas “… ela quer que o pai se vá foder…” Numa cena seguinte uma actriz faz dois papéis, num é uma santa e noutra é, segundo ela mesma diz “… uma puta, uma putona que só quer é foder com todos os gajos que encontrar…” O público ria e aplaudia! Não sou antiquado, mas admito que fiquei chocado com o que as “meninas” diziam. Numa outra cena uma das miúdas dizia que adorava “pau” dizia que os “paus” eram todos bons para comer o que estava por detrás deles é que não prestava! De certa forma tive pena de não apanhar aquilo de início, tive pena de não gravar, gostava de descobrir qual o objectivo de pôr quatro miúdas em palco (pareciam ter entre 17 e 20 anos) a dizer tanta obscenidade e tanta pornografia verbal, mas enfim!
E o tempo vai passando e eu não encontro assunto para escrever. Até amanhã!

José Manuel Sarmento – Outubro 2003

(2003-10-08)

1 comentário:

  1. Tu, no teu melhor...
    Continuo a achar que, se parares de escrever , se vai perder um talento
    Essa da bolinha,tá o máximo!
    Continua assim!

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